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Novos sons, novos nomes: a nova onda da música brasileira

Na cena nacional, nomes como Vitória Daitx Teixeira e João Luís Rosso Izidoro estão trazendo ritmos e letras inovadoras, misturando tradição e modernidade para criar uma identidade única

Por trás do glamour e estrelato dos grandes nomes da música, existe uma trajetória de esforço, dedicação e desafios. Em uma era dominada por superproduções e artistas conhecidos por multidões, é cada vez mais difícil que a atenção se volte para os talentos emergentes. Nesse momento, suas músicas ainda não dominam as paradas, mas esses artistas estão no início de uma jornada que, aos poucos, começa a ganhar forma. Nomes como o de Vitória Daitx Teixeira e João Luís Rosso Izidoro começam a se destacar e a mostrar o que têm a oferecer para o cenário musical. 

 

Desde os seus cinco anos Vitória Daitx Teixeira já sentia uma ligação especial com a arte. A princípio, essa vontade de estar próxima da música vinha dos filmes com o gênero musical entrelaçado. Nesse meio, as principais obras que a acompanharam, no começo dessa formação artística, foram “High School Musical” e “Camp Rock”. Com o passar dos anos, a ligação foi se tornando mais forte. Assim, aos 10 anos, as aulas de violão passaram a fazer parte da sua rotina, e aos 13 anos as aulas de canto chegaram para aprimorar as suas técnicas. “Foi nesse período da minha vida que eu realmente comecei a querer trabalhar com isso”, relata Vitória. 

 

Todavia, a maturidade e o alinhamento com seus estudos ainda não haviam chegado em acordo para iniciar uma jornada voltada ao trabalho musical. Mas a vontade sempre esteve presente dentro de sua mente e seu coração, assim, quando fez 17 anos teve suas primeiras pegadas marcadas no cenário musical. Esse período levou algumas de suas composições a serem lançadas nas plataformas de streaming, sendo o Spotify e o YouTube com mais destaque. 

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De um outro lado desse meio artístico existia um garotinho com 11 anos que sempre foi muito expressivo e comunicativo, que gostava de apresentar trabalhos e falar em público. E para incentivar o lado da comunicação a professora elaborou uma ideia para que a classe escrevesse um poema e declamasse na frente dos colegas. Nesse momento, o garoto decidiu que iria recitar um poema feito na hora. Para sua surpresa, a turma entrou na “vibe” com as rimas que ele lançava, e assim esse dia ficou marcado em sua memória como algo que o motivou a seguir nesse meio. Hoje, o jovem de 21 anos, chamado João Luís Rosso Izidoro, tira uma parte do seu dia para treinar rimas. Para ele, esse lado mais freestyle surge como uma forma de levar uma mensagem, sempre com o intuito de escrever coisas que possam impactar e elevar a autoestima das pessoas à sua volta. 

“Elevar o astral de uma pessoa, melhorar o dia de uma pessoa. Esse é o meu objetivo, que me motiva a continuar dedicando tanto tempo a isso”, explica Izidoro. Nesse contexto de motivação, o jovem reforça que toda a sua família o apoia nesse caminho, mesmo que alguns membros, como o pai, tenham sido relutantes no início. De acordo com ele, o pai teria suas considerações em relação aos riscos de viver de arte no Brasil, e desse modo só cedeu quando o filho concordou em nunca parar de estudar. “Continuar estudando, continuar trabalhando e sempre fazendo música”, essa era a jornada que ele estava e está traçando em seu caminho no meio artístico. Izidoro revela que sempre que tem apresentações ele já tem um público fixo, presente em todos os momentos das suas rimas. “Eles sempre estão ali compartilhando, assistindo. Então, é algo que me faz muito mais forte”. 

Suporte e estrutura no repertório musical

Para Vitória, a história não muda muito, só os personagens que seriam diferentes em sua plateia. “Por mais que o resto da minha família não esteja nesse ramo musical, tanto meus pais quanto as minhas irmãs, super me apoiam”. Seja para levar a aula de canto, seja para assistir a uma de suas performances, os rostos se fazem presentes, e assim o apoio emocional se torna constante. “Eles estão sempre do meu lado. Por mais que não estejam nesse ramo, eles me apoiam bastante!”. Entretanto, alguns suportes externos lhe faltam para divulgação de suas músicas. Não existe uma entidade ou alguma lei, como a de Paulo Gustavo (Lei Complementar nº 195/2022), que a ajudam a alavancar a carreira. Mas enquanto o suporte não chega, a moça investe o salário em suas músicas, com a ajuda dos pais em alguns casos. 

Na criação de suas próprias trilhas sonoras

Na criação de suas próprias trilhas sonoras

 

“A inspiração para a composição das minhas músicas vem das experiências que eu vivo na minha vida”, evidencia Vitória. Desse modo, as letras de suas canções desempenham uma função essencial de eternizar parte dos momentos mais marcantes em sua vida. Além de ser um meio para guardar experiências, suas composições servem para desabafar suas mágoas e lamentações. “Quando também há algo triste, alguma coisa que me deixa mal e eu quero desabafar, eu também escrevo para conseguir ressignificar esses momentos”.

 

Assim, com as variações de significados em suas letras, Vitória alcança estilos/gêneros como o indie, pop e MPB. “Eu sempre transito entre esses três gêneros. Mas, às vezes, eu também gosto de um pouquinho de rock. Então é uma mistura”, comenta. Nesse caminho de criação, alguns artistas se tornam referências. Olivia Rodrigo e Taylor Swift seriam suas inspirações internacionais, e Clarice Falcão seria a sua brasileira. Para a artista emergente, essa escolha seria pelo fato de adorar “o jeito que ela escreve, o humor e a sinceridade que ela usa nas letras dela”. 

 

No caso de Izidoro, ele revelou que o seu estilo musical varia muito, mas se tivesse que optar por alguns artistas que inspiram nas suas obras, ele iria pelo conceito lírico que os artistas como Beatles, Bob Marley e Renato Russo colocam em suas letras. “São grandes nomes que me influenciam bastante”. 

Energia contagiante dos primeiros shows

 

Em seus primeiros passos no estrelato, Vitória relatou que já participou de um Festival da Canção de Cocal do Sul, onde utilizou de uma música autoral para conquistar o terceiro lugar. Com um pouco mais de prática e confiança, ela levou a sua arte a um novo patamar, trazendo o primeiro lugar da premiação do Femusa da Sociedade Assistência aos Trabalhadores do Carvão (SATC) para o seu álbum de vitórias. Além deste evento, ela participou da Noite Cultural, também na SATC, e de outras apresentações antes das aulas começarem na faculdade. Todas essas experiências que passa, ficam de bagagem para sua carreira, e com isso Vitória tem como uma das metas pesquisar mais e aprender mais para conseguir ter a oportunidade de divulgar o seu material para o país todo. 

 

A Noite Cultural também fez parte da trajetória do Izidoro. No dia 31 de outubro, os jurados da SATC, assim como os estudantes da plateia, ficaram fascinados com a sua apresentação. Então, quando chegou o momento de escolher o vencedor da categoria de música autoral, a escolha não poderia ser outra para o primeiro lugar. “A galera foi extremamente receptiva, a plateia fortaleceu muito, me animou muito, correspondeu a minha expectativa, então foi bem legal, gostei bastante de ter participado”, lembra. Outro momento que fez parte do seu caminho na música foi quando participou do Festival Simbala, organizado por alguns amigos. Apesar de ter apresentado somente uma música, o público entrou “na onda” da sua rima improvisada. “Foi maravilhoso!”, define Izidoro.


 

Texto: Letícia Cardoso

Fotos: Dandara Letícia Gonçalves; Kaue de Oliveira

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Cenário musical catarinense: Ponto Zero conquista o Prêmio Mundial de Rock 2024

Banda criciumense fará apresentação para mais 20 mil pessoas, em São José 

Reconhecimento, conquista e revelação de um novo cenário artístico. Essas palavras marcam a atmosfera que tomou conta do anúncio da classificação final do Prêmio Mundial de Rock 2024, onde a banda criciumense Ponto Zero se destacou e alcançou um novo marco para a cena musical catarinense. Com melodias envolventes e letras que exploram temas profundos e atuais, o grupo não só conquistou um prêmio internacional, mas também abriu portas para uma nova fase de sua carreira. Com a vitória, os integrantes da banda se apresentarão no dia 24 de novembro, em São José, dividindo o palco com artistas como Raimundos e Dazaranha, para um público estimado em mais de 20 mil pessoas. 

 

Uma atitude sem pretensão que tomou uma proporção que nunca imaginavam. Essa pode ser a frase que definiu o futuro de uma banda catarinense que se inscreveu em um concurso musical apenas com a ideia de participar, sem uma intenção maior por trás. Um grupo sem muitas composições, concorrendo em meio a 200 artistas. “Tem muito trabalho muito bom e muito mais consolidado que o nosso”, comenta o vocalista da Ponto Zero, Lucas Valcanaia. Essa era a ideia que permanecia nele e nos outros membros do grupo. Nessa época eles possuíam apenas duas músicas lançadas, em um projeto especial do Linkin Park. Então, quando saiu o resultado das 10 bandas selecionadas, não conseguiram conter a alegria. “Foi um divisor de águas tanto na nossa carreira quanto no nosso âmbito pessoal a respeito da música”, definiu Valcanaia.

 

A partir desse momento começou a corrida para conseguir os votos necessários para a decisão popular de quem venceria o grande prêmio. O baixista da Ponto Zero, Guilherme Peruck, lembra que os pedidos para os amigos e familiares foram os primeiros a serem realizados. Após esse contato, os jovens tiveram a ideia de ir até um parque com um QR code em mãos para pedir ao pessoal em volta que votasse. “Pensávamos que havíamos conseguido em torno de 700 votos e fomos surpreendidos com mais de 2 mil votos, vindos de toda Santa Catarina, de modo orgânico, pela qualidade de nossas músicas”, conta Peruck.

Para o vocalista, o resultado não só apresentou o esforço que eles tiveram para conseguir os votos, mas também que muitas pessoas haviam se identificado com o trabalho que eles vinham montando há um bom tempo. Em meio a tanta dedicação, tanto com o tempo, dinheiro, esforço, noites sem dormir, stress, quanto com correria, o artista definiu que não há nada melhor do que ver que “tudo está valendo a pena”. Valcanaia pontuou que o fato de as pessoas estarem se identificando com o som criado, que estão entendendo aquilo que eles querem passar, já é uma grande vitória. “De alguma forma, a música da Ponto Zero faz sentido na vida das pessoas”, evidencia.

Ponto Zero conquista o Prêmio Mundial de Rock 2024

Som no ar, emoção no palco

 

Definido pelos artistas como um “salto gigante na nossa história, um ponto muito importante na nossa caminhada”, a vitória do Prêmio Mundial de Rock 2024 levará a banda criciumenses para São José no dia 24 de novembro para fazer um show. Diferente do público a que estavam acostumados, sendo uma média de 1.500 pessoas, o palco em que irão trazer a atmosfera vibrar tem uma expectativa para receber mais de 20 mil pessoas. Os rapazes irão cantar três músicas, todas autorais, com a intenção de apresentar o seu trabalho para um novo público, que após escutar  “Mestres”, “O Que Eu Quis”, e uma música inédita, podem se tornar fãs fieis. 

 

Nessa oportunidade, os artistas catarinenses irão dividir o palco com talentos já conhecidos nacionalmente como Raimundos, Ultramen e Dazaranha. “Poder estar nesse meio, com pessoas tão incríveis, de trabalhos tão lindos e profissionais, é algo que realmente nos traz uma felicidade. Até um empoderamento de identificar de fato o quão valioso, o quão importante, o quão bonito é o nosso trabalho”, ressalta Valcanaia. 

O palco como seu espaço

 

Antes de ir em frente a um público para se apresentar, o grupo separa um momento para uma reunião, na qual eles conversam e se concentram, sempre buscando ficar juntos antes da adrenalina e da energia tomarem conta dos seus corpos na subida do palco. Em alguns casos existe um aquecimento e exercícios para voz, em outras situações eles fazem uma oração, pedindo luz, discernimento e força para executar a performance da melhor forma. “Mas a hora que a gente sobe no palco é como se o mundo todo desaparecesse e fosse só nós ali em cima. Mas ao mesmo tempo, as pessoas, elas fazem parte desse universo que se fecha ali. Então, não é que a gente se fecha pro público, mas é como se a gente não se importasse com o mundo ao redor quando a gente tá em cima do palco”, revela o vocalista.

Ponto Zero conquista o Prêmio Mundial de Rock 2024

Entre ensaios e sonhos

O grupo musical iniciou após o Lucas Valcanaia sair do seu antigo grupo de rap. Por um tempo ele seguiu em sua carreira solo, com um projeto que visava lançar músicas que misturassem o trap com o rock. Em 2016, David Agostinho passou pelo seu caminho com uma guitarra e surgiu uma sintonia que formaria o ritmo ideal para uma formação musical. Nesse primeiro momento outros rapazes se juntam a eles, esse seriam Alan e Vaguinho, que ficariam com o baixo e com a bateria. Assim, começaram os primeiros rascunhos do que viria a ser a banda. Porém, ainda não era a melodia ideal. Passaram três anos, com vários acordes e vários membros diferentes passando pela formação do que seria a banda conhecida hoje. A atual formação conta, além do vocalista Valcanaia, com Luiz de Bem na guitarra, Guilherme Peruck no baixo e vocal e Mateus Porto na bateria. Todavia, alguns ritmos não perduram para sempre, e o baterista oficial está encerrando mais um capítulo da banda. Então, a partir de 2025 outro artista surgirá para anunciar uma nova formação do grupo. 

 

De acordo com Peruck, apesar da banda ter passado por várias mudanças, cada uma das pessoas que passou por ela deixou a sua influência nas canções. “Cada integrante deixou um pouco de si e sua marca registrada. Cada integrante tem sua influência pessoal e bota um pouco disso nas músicas autorais, mas a banda que mais nos impulsiona com certeza é o Linkin Park”, destaca o baixista.

 

Em relação ao nome escolhido para ser gritado pelo público quando eles estiverem nos palcos, o responsável foi Valcanaia. “Como eu sempre curti rock e passei um tempo no rap e depois montei uma banda de rock de novo, é como se eu estivesse voltando ao meu ponto de partida, ao meu estágio zero, ao meu ponto zero, ao meu ponto inicial. E por isso Ponto Zero, como se eu estivesse voltando ao meu ponto zero da minha vida que sempre foi o rock”, explica. 

 

Entre acordes e palavras: notas que contam histórias

 

“Questionamentos, conflitos internos, lutas do cotidiano e todo e qualquer sentimento que a alma possa gerar”, essas seriam as principais inspirações para Peruck nos seus momentos de processo criativo. Já para Valcanaia, a sua inspiração surge pela vida de fato. “Tudo que a gente pode sentir, tudo que eu posso sentir ou que eu sinto, todas as emoções, todos os conflitos, todos os questionamentos, as perguntas que eu faço para mim mesmo. Tudo que trata a partir do meu conhecimento a respeito da evolução do ser, em nos tornar pessoas melhores, em enxergar o mundo de uma forma melhor. E ao mesmo tempo, de revolta, de protestos, daquilo que eu enxergo que de fato é algo errado. Vamos dizer assim: do meu ponto de vista”. Em relação às suas letras terem um pouco de influência de outros artistas, a banda tem uma grande conexão com dois gêneros, o rock e o rap. Mas outros estilos como o hip-hop, o MPB e country não saem do seu radar. 

 

O processo de criação se inicia com a procura de referências ou com o estruturamento da música. Em algumas situações, até a inteligência artificial entra em cena para mapear a canção. Após isso, as palavras começam a criar um sentido único. Assim, quando alguma ideia surge, seja uma frase ou um pensamento, todos anotam para compartilhar com o restante do grupo. “Eu sempre vou lapidando e usando, encaixando nas letras que de fato concordam com aquilo que eles me mandaram”, explica o vocalista. A partir disso, é o momento da produção. Assim, tudo o que foi montado é apresentado para o produtor musical, que traz uma nova visão para o trabalho apresentado. “A gente chega no estúdio com a música praticamente pronta e ela muda total”, comenta Valcanaia. 

 

Atualmente são mais de 10 composições já criadas, com duas canções já gravadas e lançadas, que seriam “O que eu quis”, em 2022, e "Mestres”, em 2024. A banda também está em processo de gravação do primeiro EP, que contará com seis faixas gravadas, que devem chegar ao público em 2025. Peruck revela que eles também possuem uma música para gravar no Elephant Office, um dos maiores estúdios da América Latina. Conforme o vocalista, a base principal das canções já preparadas para divulgação são os instrumentos. Para ele, as melodias conversam entre si nas faixas, porém o assunto é difícil mapear, visto que irá variar muito. “Eu sou uma pessoa que gosta de escrever sobre tudo, então vai ter músicas que eu vou falar sobre amor, vai ter músicas que eu vou falar sobre protesto, sobre questionamento interno, sobre religião, sobre fé e tudo mais”, revela. 

A alma cultural e local em suas visões

 

Em busca de levar imagens que pudessem levar o nome da cidade em que cresceram para mais longe, o primeiro videoclipe da banda traz como cenário um dos pontos turísticos mais visitados de Criciúma, o Mirante Municipal Realdo Santos Guglielmi. Antes de gravar, os rapazes foram até o local para sentir se realmente era ali que deveria ser filmado, e a decisão foi tomada. “Gostamos muito da estética de um céu imenso, e mostrar como nós somos pequenos, mas ao mesmo tempo tão grandes nas atitudes que tomamos no dia a dia”, ressalta Peruck. O baixista explica que as outras cenas gravadas refletem as escolhas que as pessoas fazem diariamente. Nesse sentido, o refrão “nada vai mudar, se eu não mudar a mim mesmo”, é colocado em contexto. Peruck observa que essas imagens representam se as pessoas irão focar no erro ou buscar mudar, se irão levantar e fazer acontecer ou se vão permanecer sentados, reclamando. 

 

Para o futuro, os planos seguem incertos para o local que será gravado o próximo clipe. Todavia, existe o desejo permanente. “Queremos sempre levar um pouco da nossa cidade, sendo um monumento, uma praça, um parque, um pub ou até uma casa”, confidencia Peruck.

 

Texto: Letícia Cardoso

Fotos: @imperioteca; @leomartinello_

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Artista criciumense traz vida aos heróis aclamados da Marvel e da DC Comics

Com sua agência de Design, Sérgio Brody cria mascotes e personagens que marcam presença nas maiores indústrias de entretenimento do planeta

O artista plástico possui um leque de criatividade e usufrui do talento para criar obras visuais que marcam a cultura de uma cidade ou um momento marcante da sua própria vida. Através da pintura, desenho, escultura, fotografia e outras formas de arte que expõem a beleza do cotidiano. Em 1960 nascia em Criciúma Sérgio Brody, um apaixonado pelo mundo artístico e com obras que o diferenciam no mundo inteiro.

Em muitos casos, a paixão já começa desde criança, e na história de Brody não é diferente. Aos 13 anos de idade ele já desenhava, rabiscava e realizava esculturas em argila. Nesse período, também começou a trabalhar. Mesmo considerado novo, o criciumense ingressou em uma empresa de embalagens, tendo sua primeira experiência com arte final em vegetação, poliéster, caneta, nanquim, penas e retículas autoadesivas.

Entre trabalhos e contatos, Brody foi crescendo e expandindo seu trabalho. “Três anos mais tarde, como designer gráfico, realizei alguns trabalhos de freelancer para algumas editoras do Rio Grande do Sul que descobriram meus serviços. No início, foi um convite para uma seleção de desenhos que eram capas de gibi de bolso. Comecei a desenhar para essas editoras, mas eu não cobrava pelas ilustrações”, explica ele sobre seu começo na vida artística.

O destaque do criciumense era tão grande que, durante esse tempo, o especialista já começou a fazer protótipos para a DC Comics, uma editora norte-americana, uma das maiores do planeta em histórias em quadrinhos e mídias relacionadas, como por exemplo o cinema. Claro, já nessa situação, Brody recebia pelo seu trabalho. “Os protótipos eram para três heróis: Superman, Batman e Aquaman. Com o passar do tempo, cheguei a fazer do personagem Pinguim”, lembra com carinho dessa fase.

O herói Hulk, muito querido por inúmeros fãs de diferentes faixas de idade, também já foi protótipo de Sérgio Brody, novamente para outra empresa conhecida em todas as partes do mundo: a Marvel Comics. Seguindo pelo passado, em 1975 ele trabalhou como designer nas empresas Eliane Revestimentos, RCE TV, com cenografias e OPEC. Entretanto, com o sucesso como ilustrador e cartunista na década de 80, Brody abriu seu próprio estúdio chamado “Sérgio Design”, visando prestar serviços a agências de publicidade e gráficas.

“Vários contratos foram firmados, entre eles uma editora mexicana como Cover Design na criação de livros de bolso. Realizo trabalhos na ficção, terror, guerra, suspense, western, romance e algumas Variant Cover de revistas da DC e Marvel. A minha agência é para prestar serviços para outras agências, com artes e desenhos. Alguns locais possuíam desenhistas trabalhando, mas eles precisavam de um serviço mais qualificado na época”, detalha.

Mesmo com seu próprio negócio, Brody continuou prestando atendimentos a uma editora do Rio Grande do Sul. O material para desenhar era mandado em papel pelos correios, junto com o tema, pois na época não havia a tecnologia dos dias atuais que permitem a utilização das telas digitais. Nesses materiais enviados para Brody, de preço alto para a realidade dos anos 80, ele realizava as capas dos gibis de bolso e, em outros momentos, somente rascunhava personagens como Mandrake, Tarzan, Fantasma, Batman, Superman, Cavaleiro Fantasma e Faroeste.

“Mesmo com minha própria agência, eu nunca cobrei esses trabalhos para as editoras do Rio Grande do Sul, mas por quê? Quando eles me mandavam o material em cone, também me escreviam que estava para sair a minha licença da Marvel Comics, então eu iria trabalhar para a Marvel. Eu senti que eles me deram uma dica e eu continuei”, ressalta Brody.

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O incentivo de Gilberto Pegoraro

A história do criciumense não para por aí. Antes de entrar para a faculdade, o artista também realizou alguns trabalhos para a Canguru Embalagens e conheceu o desenhista autônomo da empresa, chamado Gilberto Pegoraro. Esse nome citado foi um grande incentivador na vida de Sérgio Brody, ajudando na anatomia das capas de gibi, sendo um orientador e ajudante na produção desse material.

“Gilberto me incentivava a começar a fazer faculdade de artes, como aqui em Criciúma na época era a Fucri (Fundação Educacional de Criciúma). Não tinha uma escola de artes, somente educação artística. Então, eu fiz o vestibular e consegui entrar. Pegoraro foi meu professor de artes lá, ele era um gênio na anatomia. Até que um dia tinha muito serviço na minha agência, e nessa época eu já havia começado a fazer mascotes também, após conhecer o atelier de um artista em São Paulo, e trouxe essa ideia para Criciúma, para dar vida aos personagens dos meus clientes”, relembra.

O serviço na agência era tão grande que Brody teve que parar por um tempo de fazer HQ, durante o período em que já começavam as primeiras comunicações através do celular e telefone fixo. Sem tempo para fazer as capas de gibi para a editora do Rio Grande do Sul, o serviço começou a ser pago devido à alta demanda de Brody, até porque a agência naturalmente sobrevive do dinheiro. Nesse ponto, novamente Gilberto Pegoraro foi importante, aconselhando Brody a dar “uma segurada” nesses trabalhos, porque o preço pago pelos serviços era considerado “quase de graça”, tudo por causa de uma licença.

Brody acatou as dicas do seu professor. Até que, certo dia, um executivo dessa empresa do Rio Grande do Sul foi até a agência de Brody e ofereceu uma licença da Marvel e o pagamento das páginas do gibi, não somente das capas como anteriormente era realizado. Durante a conversa, o representante também afirmou que o cona de Brody era muito bem vendido no norte do Canadá e que era de vontade da empresa a sequência dos trabalhos do criciumense, porque os traços de outros desenhistas não supriam as necessidades daquela região.

“Eu aceitei, agora sim recebendo de verdade, só não tinha ganhado a licença da Marvel, e continuei trabalhando com desenho. Assim foi indo até que, um dia, nessa época de agência, eu descobri que essa editora do Rio Grande do Sul mandava as artes para serem feitas no México, com uma editora da Argentina. Em uma ocasião, um representante do México me ligou perguntando quais cores eu havia colocado na capa do gibi. Ali eu descobri para onde iriam os meus trabalhos. A partir daí o contato virou direto, e não mais sendo através dessa gráfica gaúcha, canalizando diretamente comigo”, enfatiza Brody sobre como aconteceu essa virada de chave.

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A produção segue para todo o mundo

Já nos dias atuais, Sérgio Brody segue trabalhando com a licença, mas não trabalha mais com a produção do gibi pela falta de tempo. Para a DC Comics, o criciumense segue trabalhando com os personagens Gotham e com a Liga da Justiça. Brody segue também produzindo para a Marvel Comics como freelancer, pois a licença é muito difícil. Entre os trabalhos feitos estão capas do Homem-Aranha, originadas de variantes.

O trabalho principal do artista está na sua empresa de mascotes, com produtos para todo o mundo. “Atendo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), com mascotes como, por exemplo, do Criciúma, Vasco, Flamengo, Palmeiras, Corinthians. Digamos que, em Santa Catarina, 99% dos mascotes somos nós que fabricamos. Já no Brasil, existem três empresas que atendem a CBF. O mascote Pistola Canarinho da Seleção Brasileira somos nós que fabricamos, em parceria com outra fabricante. Franquias norte-americanas também somos fornecedores. Outro trabalho que realizamos é para uma empresa que possui a licença da Disney Company”, destaca Brody.

A Sérgio Design também atende a Liga Americana de Futebol, incluindo baseball, basquete, handebol. O mascote Benny, conhecido mundialmente do time Chicago Bulls, é produzido no Brasil pela agência de Sérgio Brody, inclusive com uma alta demanda na pandemia, devido à falta de recursos nos Estados Unidos e que segue consolidada nas mãos do criciumense.

O artista continua na área da arte, início que chegou cedo desde os 13 anos de idade, e atualmente continua filme e forte, unindo sua paixão ao trabalho. Seu serviço em andamento está sendo a construção do personagem Batman, mas não o herói como já conhecemos, esse promete ser ainda mais bravo e impiedoso, e o que nós resta é aguardar sair nos próximos gibis.

Texto: Henrique Ferreira

Fotos: Divulgação

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Arte e Marketing: A construção de uma carreira conectada a criatividade

Raquel Ávila é uma artista plástica criciumense com obras e projetos que foram utilizados em novelas da Rede Globo

A essência através da arte une a paixão de um artista plástico durante toda a sua vida. A profissional Raquel Ávila Santiago de Castro, natural de Criciúma, sempre carregou seu amor pela cultura nos traços de suas obras. Criativa, a autora utiliza da arte para iluminar a vida. 

 

Por meio da educação, ela se graduou em Educação Artística com habilitação em Artes Plásticas pela Unesc (Universidade do Extremo Sul Catarinense), além de possuir duas pós-graduações, um MBA em Marketing pela Fasc (Faculdade de Santa Catarina), e uma especialização em Moda - Gestão e Marketing pelo Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).

 

“A minha carreira começou em 1991, com o Design de Interiores, após eu completar o curso na Escola de Design de Interiores em Porto Alegre (RS). Após cinco anos, me tornei sócia proprietária da Única Comunicação e Associados LTDA, período que permaneci até 2010. Durante esse tempo, meu trabalho esteve ligado a planejamentos de marketing e atendimentos de contas”, explica Ávila.

 

Em 2011, ela assumiu a gerência de Marketing na Artisan Móveis e Decorações, local onde organizou a 1ª Mostra Artisan de Decoração, fortalecendo parcerias estratégicas até 2014. Em seguida, criou a sua própria consultoria, chamada de “Marketing na UM a UM”, focada em Marketing de relacionamento para arquitetos e designers de interiores.

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Criadora de projeto

 

A artista plástica também foi responsável pela criação do projeto RECRIA (2007 a 2010), na qual, Raquel desenvolveu produtos sustentáveis com matéria-prima reciclada e mão de obra de cooperativas em comunidades carentes, promovendo impacto social positivo.

 

“Essa iniciativa ganhou destaque na feira Abimad e até em novelas da Rede Globo. Tudo está documentado no meu blog, www.recrianet.blogspot.com, que documenta o sucesso do projeto. No ano de 2014, trabalhei como Mobilizadora de Recursos no Bairro da Juventude dos Padres Rogacionistas, também gerando a campanha Se liga no Bairro, buscando ampliar a rede de doadores”, detalha.

 

Artista autônoma

 

Atualmente, Raquel Ávila é artista autônoma, e em 2023, realizou a exposição “VIVA” na Galeria de Arte Contemporânea Willy Zumblick, explorando diversas técnicas artísticas. “Já em 2024, fui apoiada pela Lei de incentivo à cultura - Lei Paulo Gustavo, onde desenvolvi uma exposição acessível a deficientes visuais, com o título Descubra Criciúma com a Arte Aquarela, ministrando oficinas e monitorias evidenciando a arte aquarela e o fazer artístico com escrita e pintura”, enfatiza a especialista que também atua como ilustradora em aquarela, realizando trabalhos para estampas e criando personagens infantis na técnica de aquarela.

 

Projeto Descubra Criciúma 

 

O projeto realizado pela artista Raquel Ávila visou a valorização dos espaços turísticos do município de Criciúma. O trabalho também teve como objetivo o resgate de memórias pessoais da autora. Em algumas dessas obras, a criciumense retrata objetos de uso pessoal nestes locais, como o seu chapéu amarelo e patins, que é seu hobby predileto.

 

“Minha proposta foi divulgar os espaços da cidade, agregando histórico de cada ponto e a técnica de arte em aquarela. Busquei identificar os mais relevantes, nomeando 12 pontos turísticos através de pesquisa bibliográfica. A exposição foi acessível a deficientes físicos no espaço cultural da Acic (Associação Empresarial de Criciúma)”, pontua.

 

Além da exposição e oficinas, Raquel montou uma cartilha de monitoria destinada a professores de arte que visitaram a exposição sem agendamento, assim podendo realizar em sala de aula a reflexão do que viram.

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Enemenosum: talento oculto dos professores universitários da Unisatc

Por meio da música, seis integrantes criaram uma banda para incentivar e promover a cultura dentro do campo universitário

O espaço universitário é o encontro de acadêmicos que estão entrando no mercado de trabalho e ingressando em uma profissão. Os professores fazem parte da peça-chave para que o aluno seja formado e tenha sucesso na carreira escolhida. Porém, o ambiente dos estudos pode ser mais do que livros e trabalhos. Em 2021, pós-pandemia, com o objetivo de incentivar os alunos a mostrarem seus talentos, o Centro Acadêmico Unisatc desenvolveu o Universo Cultural, onde uma vez por mês aconteceria apresentações musicais dos alunos no campus.

Para incentivar os estudantes a cantarem ou tocarem um instrumento musical ao vivo, os professores e funcionários da Unisatc, desenvolveram sua própria banda, a Enemenosum. Os seis integrantes que levam diversão e alegria para os acadêmicos da universidade são o professor de Jornalismo Lucas Jorge, o coordenador do curso de Publicidade e Propaganda Gutemberg Geraldes, professor de Design e Jornalismo Elton Gonçalves, pesquisador do Centro Tecnológico Ricardo Vicente, pró-reitor de ensino e extensão, Jovani Castelan e o professor de Jornalismo Fábio Cadorin.

A ideia de reunir os talentos que possuíam em comum em prol dos alunos gerou tamanho engajamento e repercussão que a banda é chamada para abertura dos eventos culturais que ocorrem na Unisatc. Em um pronunciamento nas redes sociais, a banda acredita no “poder da cultura e da arte para inspirar e transformar”. O guitarrista, Castelan, comenta que a atividade como banda não visa lucro financeiro, somente levar diversão e entretenimento de qualidade às pessoas, com músicas com melodias e mensagens positivas. “São aproximadamente três anos de Enemenosum e a sensação quando conseguimos deixar os alunos animados é a melhor possível. Receber palmas de forma espontânea, verdadeira e gratuita é muito bom, não tem preço. Melhor do que qualquer cachê, até porque nunca foi nosso objetivo obter sucesso ou recurso financeiro fora da instituição”, destaca.

No caso de Castelan, desde 1990 ele está envolvido com a música, principalmente com seus instrumentos, violão e guitarra. Mas foi somente em 2014 que começou a tocar, compor e gravar novas músicas com sua antiga banda, até compôs suas próprias músicas com guitarra instrumental estilo rock/metal.

Um convite

Os ensaios inicialmente feitos pela banda eram somente com os instrumentos, não havia um vocalista para dar voz às músicas dos anos 90 até as atuais. No entanto, em 2022, quando Cadorin entrou para lecionar na Unisatc, Geraldes fez o convite para que ele participasse de uma apresentação cultural que o colégio proporcionaria aos alunos. Visto que a primeira tentativa deu certo, a Enemenosum optou por manter o formato com os seis integrantes para as próximas apresentações. “Investimos na ideia de trazer a música para dentro da universidade como um hobby, pois somos professores e não tocamos profissionalmente. Mas, ao mesmo tempo, percebemos que a universidade é um lugar de, além do saber racional, promoção cultural. Com isso, entendemos que a arte é também uma forma de conhecimento”, enfatiza.

O vocalista vem de uma família, principalmente a paterna, envolvida com a música. Seu bisavô era gaiteiro e o pai cantava em bailes com sua própria banda e comandava o coral da igreja. Desde jovem, Cadorin já cantava nos corais da igreja e nas universidades e, mesmo que por hobby, realizou um ano de curso intensivo de teatro musical no Rio de Janeiro, onde apresentava espetáculos musicais.

Com a oportunidade de integrar a Enemenosum, Cadorin se sente realizado por motivar e incentivar os alunos com as músicas antigas e as mais conhecidas do pop brasileiro. Além disso, os eventos culturais promovidos pela Unisatc ressaltam uma maior integração dos alunos com os professores. “Eu gosto muito de cantar, principalmente quando percebemos o entusiasmo dos alunos com as apresentações, curtindo e cantando junto”, diiz.

Música sem idade

A banda ressalta que, quando sobem ao palco para reviver os clássicos do rock e pop brasileiro, a música e a cultura não têm idade ou época. “Para nós, da Enemenosum, é isso que importa: desafiar-se a fazer o diferente, trazendo a magia do passado para inspirar o presente. E ver uma plateia de universitários vibrando com cada acorde? É a certeza de que a música é sempre atual!”, comentam em suas redes sociais.

Texto: Monique Amboni

Foto: Divulgação

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